segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Pós-parto no hospital: um dos piores momentos da minha vida

Antes do O. nascer, li várias coisas sobre violência obstétrica, os impessoais padrões hospitalares, a “indústria da cesárea” no Brasil. Cheguei a escrever sobre isso no post Normal ou cesariano: a pressão social sobre o tipo de parto, no qual “reclamei” da pressão (e da culpa) que sofri por não fazer parto natural. Até então, eu não havia idealizado o momento do parto, não estava tão preocupada com isso e não tinha grandes implicâncias em relação à cesárea. Mas depois, no post Minha experiência com o parto cesariano, reconheci que a cirurgia foi, para mim, muito pior que o esperado. Futuramente escreverei sobre isso de novo. Hoje, quero falar sobre os tais “impessoais padrões hospitalares”, que até defendi vez ou outra, em nome da ciência e da segurança sanitária.

Pois bem: mais do que no parto, me senti agredida, invadida e desrespeitada nas menos de 48 horas que passei com meu bebê no hospital, no pós-parto. Não, não aconteceu nada fora do previsto. Não tivemos qualquer complicação ou dificuldade. Mas, mesmo assim, chorei de desespero. Ok, naquele chororô havia uma grande parcela do “baque hormonal” que toda mulher enfrenta após o parto. Mas sofri também com a falta de um atendimento um “pouquinho” mais personalizado, mais cuidadoso, mais dedicado, das enfermeiras e médicos.

Vamos à história: ganhei o O. em um hospital particular, relativamente bem conceituado, pelas mãos do meu obstetra, numa cirurgia cesariana. O pós-operatório foi uma correria, porque estávamos só eu e o meu marido. Eu não podia levantar a cabeça ou me movimentar e só tinha ele, meu marido – surpreso e apavorado –, para ajudar o O. em suas primeiras mamadas. Ninguém nos explicou o que viria em seguida, ninguém nos ajudou com um mínimo de paciência. Simplesmente nos deixaram num canto, enquanto meu marido ajudava o neném com a “pega” no seio. Nem eu e nem ele sabíamos se era assim ou assado, se estava tudo correndo bem. Eu sequer conseguia enxergar, por causa da posição, e o papai sequer tinha se preparado para ser tão “ativo” nesse momento. Além disso, meu marido era chamado o tempo todo para resolver coisas burocráticas (receber a chave do quarto, assinar papéis e coisas do gênero). O coitado ficou exausto com a correria de lá pra cá e daqui pra lá, além da carga emocional do momento.

Mas o pior veio depois, quando estávamos no quarto. Exaustos, tentando descansar, e a cada 30 minutos alguém entrava fazendo muito barulho, falando alto, no celular. Acordavam a todos, inclusive o neném. De meia em meia hora vinha uma enfermeira, parecendo um robô, perguntando “Você defecou? O bebê mamou nos dois peitos?”. Cada visita dessas demorava menos de um minuto. E não, eu não tinha defecado e o bebê não tinha mamado nos dois peitos. Uma amiga havia me aconselhado a, enquanto estivesse no hospital, aproveitar a experiência das enfermeiras para me ajudar na amamentação. Lá pelas tantas, resolvi pedir ajuda, porque o O. só fazia a “pega” no seio direito. Uma enfermeira apressada veio me atender. Em 30 segundos, apertou meu mamilo, disse que eu tinha pouco colostro e foi procurar uma prescrição de fórmula (sim, ela queria dar uma mamadeira de leite artificial para o meu bebê nascido há menos de 12 horas). Por sorte, eu havia conversado previamente com um pediatra que me alertou sobre esse tipo de conduta “preguiçosa” de enfermeiras que não querem perder tempo com você. Dão logo a fórmula e está tudo resolvido. Não deixei que ela desse nada a ele...

Depois desse momento, senti que estava desamparada. Estava com dor, chateada, preocupada (claro!), insegura e... solitária. E as visitas da enfermagem continuavam a cada meia hora: “E aí? Você já defecou? O bebê mamou? Nos dois peitos?”, “Você já defecou? O bebê mamou nos dois peitos?”. Aquilo parecia uma pressão sem fim sobre a minha cabeça, como se fosse tudo uma grande incompetência minha. Eu só queria ir pra casa e cuidar do meu filho em paz... Aí uma amiga que havia ganhado bebê no mesmo hospital me contou que, se essas duas coisas não acontecessem, eu não teria alta no tempo previsto. Fiquei desesperada, porque eu ainda não havia feito cocô e o O. continuava mamando corretamente apenas no seio direito. Passei a segunda noite andando pelos corredores e chorando. Parecia que estava aprisionada naquele lugar, que nunca mais sairia dali. Eu só queria ir embora.

E as enfermeiras continuavam “Defecou? Mamou? Nos dois peitos?”. Uma delas pegou o O. como se fosse um boneco qualquer e arrancou-lhe as roupas para ver se, com frio, ele mamava melhor. Outra colocou na minha mão um supositório de glicerina para que eu mesma aplicasse. Sim, eu mesma. Eu, que tinha tido sete camadas do meu abdômen rasgadas, estava costurada, enfaixada, inchada, machucada. Não tive coragem de pedir que ela me ajudasse... Sem contar o pessoal da limpeza, batendo vassoura e alça de balde dentro do quarto, sem nenhum cuidado. Foi aí que tomei uma decisão séria (e até irresponsável): resolvi que só conseguiria superar os obstáculos (ir ao banheiro com calma e aprender a amamentar meu filho) num ambiente favorável, que definitivamente não era aquele, então comecei a mentir. A cada “fiscalização” das enfermeiras, passei a responder: “Sim, eu defequei. Sim, ele mama nos dois peitos”. “Sim, eu defequei. Sim, ele mama nos dois peitos”.

Até que chegou o momento de os médicos avaliarem o O. para lhe dar alta. O primeiro veio fazer o exame de audição e perguntou aonde estava a chupeta. Eu disse, chocada, que o bebê não havia ganhado uma chupeta. Então o médico disse, contrariado, que precisava que o O. ficasse em silêncio durante o exame, como seu eu pudesse ter controle sobre isso. Por sorte, o neném estava tranquilo e deu tudo certo. Enfim, continuei mentindo e, como uma benção do universo, quando a última médica entrou no quarto para avaliar a amamentação, o O. pegou meu peito esquerdo como nunca tinha feito antes e mamou na frente dela (como quem diz, “vou te ajudar a tirar a gente daqui, mamãe”). Tivemos alta em 48 horas e só quem testemunhou sabe o quando chorei ao entrar em casa com meu filho nos braços.

PS.: Hoje, o peito esquerdo é o preferido do O. E, sim, eu fiz cocô logo que cheguei em casa!

Leia também: Primeiros dias após o parto: Por que ninguém avisou que seria assim?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Parabéns para nós!

Hoje o blog O Mundo de Mirela completa dois anos. E eu tenho muito orgulho de mim, por ter tido coragem de começar a escrever sobre momentos tão duros, e de vocês, por terem tido a coragem de seguir lendo. Sei que nem tudo por aqui são flores. Mas acho que todos merecemos parabéns!

Nesses dois anos, computamos mais de 130 mil visualizações, tanto do Brasil quanto de outros países, como Portugal, Estados Unidos, Índia, Espanha, Alemanha, Angola, França, Reino Unido e até da China. Foram quase 800 comentários, cheios de informação, torcida, dúvidas, partilha, apoio e toda gama de sensações que a vida envolve,

O que não posso computar é quantas lágrimas, minhas e de vocês, rolaram por essas páginas. Quantos suspiros - de tristeza ou de esperança - compartilhamos neste ambiente digital, desde nossos sofás, ou de camas hospitalares. Quantas vezes nos lemos antes ou depois do aborto retido, ou da histeroscopia, do BHCG negativo, positivo ou inconclusivo, da dúvida sobre tentar de novo.

Quanta energia positiva trocamos, minha gente! Torço muito para que continuemos por aqui, por mais um ano, ou dois, ou três...

Leia também: Pós-parto no hospital: um dos piores momentos da minha vida

domingo, 30 de novembro de 2014

Quando você acha que entendeu tudo, a vida muda de fase

Hoje vou escrever sobre uma sensação que vale tanto para a gravidez quanto para a vida com filhos: os eternos obstáculos a superar. Não são sempre os mesmos obstáculos, mas novos. Eles se renovam de tempos e tempos, justo quando você acabou de dominar a situação. Sempre digo que ser mãe é como jogar vídeo game: quando você supera uma fase, começa outra.

Quando descobri que estava grávida, achava que tudo ficaria mais tranquilo depois do terceiro mês. Depois achei que seria mais tranquilo quando sentisse o bebê mexer. Depois, quando visse que ele estava ganhando peso. Depois, quando ele nascesse, o parto tivesse dado certo e eu visse com meus próprios olhos que ele era saudável. Aí o bebê nasceu e eu achei que tudo ficaria mais tranquilo quando a dor da cesárea passasse. Ou quando os aprendizados (e feridas) da amamentação fossem superados.

Tudo isso passou, mas meu bebê dormia mal e acreditei que tudo ficaria mais tranquilo quando eu aprendesse a fazê-lo dormir melhor. Quando ele aprendeu a dormir, passou a ficar mais tempo acordado e precisava ser estimulado. Enchi a casa de tranqueiras de balançam, tocam música e blá, blá, blá, mas ele não ficava mais que 20 minutos ligado nelas. Aí pensei, “nossa, quando ele aprender a sentar e brincar sozinho, tudo ficará mais tranquilo, porque não precisarei distraí-lo o tempo todo”. Comprei aqueles tapetinhos de EVA, para estimular seus movimentos, mas agora ele se arrasta para todo lado e sequer fica no tapete. “Meu deus, temos que cobrir as tomadas e cantos de mesa!”, penso eu.

Então ele dorme a noite toda, senta bonitinho, se distrai sozinho por um bom tempo, mas agora também ando preocupada com as comidinhas, se trituro ou não, se dou carne ou não, se coloco sal ou não. Enfim, o que quero dizer é que quando se vira mãe (desde a gravidez) é necessário aprender a lidar com as dúvidas e preocupações, com o certo e o errado e, principalmente, com a casa bagunçada (hehe). Tudo acontece tão rápido! A preocupação de hoje estará resolvida amanhã, mas aí virá uma nova.

Parece que todos os posts desse blog sempre acabam na mesma lição: PACIÊNCIA, MEU POVO. PACIÊNCIA.

Leia também: Parabéns para nós!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cinco meses depois...

Oi, pessoal! Aqui estou eu, passando para dar oi, atrasada de novo. Nem preciso dizer que a vida anda corrida, né? Basta ver a data da minha última postagem. Isso dói no meu coração, porque tanta coisa interessante está acontecendo na minha vida e na do O., que adoraria compartilhá-las em tempo real. Não dei conta até aqui, mas também não desisti de tentar. Todos os dias escrevo “blog” na minha listinha de tarefas, leio os e-mails e comentários enviados, porém a vida com um bebê tem tantas prioridades que muita coisa fica só na listinha mesmo. Mas, como disse, não desisti e vou tentar retomar as postagens – e, se possível, responder todos os comentários e e-mails recebidos.

Tenho tanta coisa para contar, que sobram dúvidas sobre por onde começar. Por aqui, já passamos pela fase “recém-nascido”, pela expectativa de horas de sono (O. dormiu sua primeira noite inteira aos dois meses!), pela volta ao trabalho, pela introdução alimentar, pelo dilema creche x babá, entre outros tantos. Vou pensar num assunto bem bacana para retomar as postagens periódicas. Se quiserem sugerir, fiquem à vontade. Estou morrendo de saudades de escrever aqui! Hoje passei só para dizer que estou viva e que não, esse blog não está abandonado (embora pareça).

Beijos!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Minha experiência com o parto cesariano

Eu nunca tive medo do parto normal. Pelo menos não mais do que da cesárea. Eu tinha, sim, um medinho do parto, de que algo não saísse bem, independentemente do tipo de parto. Sim, sempre fiquei muito impressionada com as histórias horripilantes que (exageradamente) rolam por aí sobre problemas sofridos por nenéns durante o parto natural (falta de oxigenação, acidentes com o fórceps, ter que ser reanimado etc.). E, embora ache o parto humanizado sensacional (adoraria que o meu fosse assim, se os profissionais e hospitais preparados para isso não cobrassem tão caro), nunca fui ativista contra os procedimentos médicos e hospitalares, geralmente padronizados. Diante de tudo isso, quando dois médicos me recomendaram a cesárea (porque o bebê estava pélvico e porque a placenta estava bilobada, ou seja, dividida), não titubeei em aceitar. Já havia perdido um bebê, não teria coragem de teimar, principalmente sendo mãe de primeira viagem.

Além disso, conversei com muitas pessoas que tiveram cesáreas bem tranquilas. Outras nem tanto. Mas também conheço quem teve complicações no parto normal. Muita gente me disse que hoje em dia cesárea não é mais um bicho de sete cabeças, que é um procedimento simples (leia-se seguro, de praxe) e rápido. De fato, pela quantidade de bebês que nascem de cesárea no Brasil, só poderia ser isso mesmo, certo? Pois bem, eu não achei...

Vejam bem. Meu parto foi tranquilo - ou seja, nenhum incidente, nenhum imprevisto. Recebemos nota dez tanto do obstetra quando do neonatologista. Em nenhum momento achei que algo estava saindo errado e todo o tempo tive tranquilidade de que eu e o bebê estávamos bem. Tudo isso saiu como eu esperava. Mas que a cesárea e sua recuperação não são fichinha, isso não são. Vou listar aqui algumas coisas que me impressionaram:

- Entre me cortarem e tirarem o neném, foi muito rápido. Mas o tempo que levaram me "limpando", fechando, costurando foi bem demorado. Afinal, sete camadas do corpo são invadidas até se chegar ao neném.
- Tive que ficar deitada na horizontal, sem sequer levantar a cabeça, durante 12 horas após o parto. Isso significa que não pude atender meu bebê em suas primeiras horas de vida. Meu marido cuidou dele e o colocava no meu peito para mamar. Até a fazer a "péga" correta no peito foi meu marido quem ajudou.
- Por causa dessa posição, eu quase não conseguia olhar meu filho. Meu marido fazia fotos do rostinho dele e me mostrava na cama do hospital. Calculem minha ansiedade para vê-lo, pegá-lo, beijá-lo, amamentá-lo com mais conforto.
- Sim, eu senti muita dor, em seguida e durante vários dias após o parto. Isso, somado às dores da amamentação (mamilos feridos) e às dificuldades de se cuidar de um recém-nascido pela primeira vez na vida, me deixou muito estressada.
- Tive dor de cabeça por causa da anestesia (ráqui).
- Minha barriga vai ficar dormente por até um ano...

Por outro lado, tive uma sorte com a cesárea. Meu obstetra viu, enquanto limpava o útero, que havia um mioma em uma das trompas e aproveitou para retirar. Mas, convenhamos, foi só uma sorte, não motivo para encorajar ninguém a fazer o parto dessa forma.

Não, não me arrependo de ter feito o parto cirúrgico e nem estou dizendo que não farei novamente (só deus sabe!). O fato é que descobri que eu estava enganada quanto à "simplicidade" da cesárea. Acho que o parto normal exige coragem, mas a cesárea exigiu de mim muita força e foco. Num segundo filho, talvez eu opte por teimar um pouco com os médicos. Talvez...

Leia também: Cinco meses depois...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vésperas do parto: o médico viajou, o bebê virou e o medo chegou

No último mês de gravidez eu já sabia que faria cesárea. Além de o bebê estar pélvico (sentado), eu tive placenta bilobada (dividida) e recebi recomendação de dois médicos para realizar o parto cirúrgico. Com isso, conversei com o obstetra e escolhi o hospital. O médico não queria que fosse depois da quadragésima semana e eu não queria que fosse antes, a não ser que o trabalho de parto se iniciasse. A quadragésima semana era logo depois Páscoa e eu fiquei torcendo para ter mais esse feriado para descansar antes de o bebê nascer. E assim foi!

Mas, claro que a última semana não seria "sem emoção". Meu médico resolveu ir a um congresso no exterior e deixou um "substituto" - que eu nunca tinha visto na vida - de sobreaviso, caso algo acontecesse. Esse substituto opera em outro hospital, ou seja, se o neném resolvesse nascer nessa última semana, seria tudo diferente do que eu imaginava (outro médico, outro hospital...). Não que haveria riscos no parto se fosse assim (a maioria das mulheres brasileiras ganham seu filhos com médicos que desconhecem e no leito que estiver à disposição naquele momento), mas para mim, que achei que tinha tudo sob controle, foi um "estressezinho" a mais. Tive que controlar a ansiedade por sete looooongos dias. Lembro-me que meu médico disse que estaria de volta à cidade no domingo de Páscoa - seu voo posaria às 3 da madrugada e às 3 da madrugada eu acordei, olhei no relógio e pensei: "Ufa! Passamos por essa."

Antes de viajar, o médico me deixou dois pedidos de ultrassons, para avaliar a maturidade fetal - não faríamos o parto se o exame não indicasse que o neném já estava bem desenvolvido. No primeiro que fiz: surpresa! O O. havia mudado de posição. Virou! Mas não encaixou. Lembrei que dias antes eu havia sentido umas dores fortes na barriga. Segundo o médico, é normal doer quando o bebê vira tão no finalzinho. Fiquei feliz com a notícia pois, mesmo nascendo de cesárea, é mais fácil quando eles estão de cabeça para baixo.

Enfim, os dois exames, feitos com uma semana de intervalo, indicaram maturidade fetal. Além disso, indicaram que o neném tinha 3,9 kg e 46 cm. Mas, só para não dizer que não tive uma pulga atrás da orelha no final da gravidez, ficamos preocupados com o tamanho do fêmur do bebê. Nesses dois exames o médico ecografista disse que o tamanho do fêmur não era proporcional às outras medidas. Ficamos cismadíssimos, claro. Mas combinei com o meu marido que não nos preocuparíamos com isso nessa altura do campeonato. Afinal, o O. nasceria no dia seguinte e aí poderíamos "conferí-lo" tim-tim por tim-tim.

Medo? Sim, eu senti. Não só de que o bebê não estivesse saudável, mas da cirurgia em si. Tive medo de que ele não chorasse logo (eu certamente ficaria assustada), de que algo acontecesse comigo, de infecção hospitalar e de todas essas coisas que vêm à mente numa hora dessas (até de que ele fosse trocado na maternidade...rs). Mas me esforcei para deixar que a felicidade e a tranquilidade fossem os principais sentimentos... Afinal, aquele dia tão sonhado estava chegando! O dia em que eu ouviria o chorinho do meu filho, como tanto desejei quando fiz a curetagem, um ano e meio antes, e ouvi o chorinho do filho dos outros.

Leia também: Minha experiência com o parto cesariano


terça-feira, 20 de maio de 2014

As últimas semanas de gravidez: trabalho, noites bem dormidas e chamego com o marido

Posso dizer que minhas últimas semanas de gravidez foram muito boas, apesar do cansaço físico e das incontáveis contrações de treinamento. Trabalhei até o final e achei isso ótimo. Primeiro, porque eu não tinha nenhuma recomendação médica para não trabalhar. Segundo, porque isso ajudou a controlar a minha ansiedade. Terceiro, porque me ajudou a não engordar ainda mais (sim, trabalhar me manteve ativa e evitou que eu passasse o dia comendo). Mesmo assim, engordei mais de 15 quilos!

Ok, eu poderia ter cuidado melhor da alimentação. Mas a ansiedade estava aí - e sabemos que depois que o bebê nasce a dieta tem que ser ainda mais rígida, por causa das cólicas -, então me permiti saciar os desejos gastronômicos. Além disso, na verdade, me senti muito bem com meu corpo até o final, apesar de tantos quilos adquiridos. Continuei ágil, me abaixava com certa facilidade e mantive a rotina normal. Além de trabalhar normalmente, continuei com as tarefas da casa, lavando e passando as roupinhas, organizando as coisas e mantendo a faxineira apenas uma vez por semana. Digamos que esse foi meu exercício físico mais importante.

Outra coisa essencial que fiz nas últimas semanas foi descansar. Como dormi! Claro, há dores no corpo (principalmente nas costas e na lateral do abdômen), mas consegui relaxar e ir buscando as melhores posições. No meu caso, resolvi boa parte do problema colocando uma toalha dobrada na lateral do corpo (na altura das costelas). Eu dormia de lado e essa toalha nivelava meu corpo (eliminando o vão entre a cintura e as costelas). Muita gente faz isso com o travesseiro, mas para mim não funcionou, porque meus travesseiros são altos e acabavam dando o efeito contrário (elevando demais o meu corpo e causando um desconforto às avessas). Ou seja, a toalha foi minha melhor amiga nas últimas semanas. Eu dormi tão bem que nunca levantei mais de uma vez durante a noite - às vezes nenhuma, coisa rara nessa altura da gravidez.

Por fim, o detalhe de ouro sobre esse período: eu e meu marido curtimos muito nossa casa, fizemos programas de final de semana, assistimos mil filmes e seriados, ficamos de bobeira no sofá batendo papo e filosofando sobre a vida, dormimos até tarde sempre que pudemos. Evitamos ficar pensando no que vinha pela frente - afinal, só vivendo é que se sabe como é, não dá para prever. Esse aproveitamento dos nossos últimos dias a dois fez muito bem para nós e, tenho certeza, para o bebê também. Sinto orgulho de ter conseguido levar as coisas assim no final, pois é comum os pais ficarem tão ansiosos que as últimas semanas viram um estresse. Enfim, foi assim, com muita preguiça e companheirismo que nos despedimos da nossa vida de casal sem filhos. Com chave de ouro, na minha opinião.

Leia também: Vésperas do parto: o médico viajou, o bebê virou e o medo chegou

terça-feira, 13 de maio de 2014

Estou bem! Meu filho nasceu e perdi o "timing" do blog, mas vou contar tudinho...

Queridos e queridas, desculpem por tanto tempo de ausência. No fim da gravidez há tanto o que pensar, providenciar e descansar, que perdi o "timing" do blog e fiquei muito tempo sem escrever. Mas penso neste espaço e em vocês todos os dias e estou listando tudo que ainda quero contar, mesmo com atraso. Obrigada a todos que enviaram mensagens pedindo notícias. Aos poucos, vou tentar colocar em dia as respostas aos comentários também, ok?

Para resumir as notícias: meu O. nasceu lindo, com 3.335 kg, 49 cm e olhões bem abertos no dia 23 de abril, com 39 semanas e 3 dias. Desde então, vivo uma aventura incrível que é conhecê-lo e ser reconhecida por ele. Não está nada fácil conseguir tempo livre, mas nos próximos dias vou tentar contar tudo aqui - inclusive sobre as últimas semanas da gravidez, que fiquei devendo.

Não deixem de aparecer, de escrever e de enviar notícias. Continuamos juntos nessa!

Beijos, meus e do O., que finalmente está em meus braços. Em homenagem a este momento, deixo para nós essa letra do Cidade Negra:

A Estrada 

"Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui.
Percorri milhas e milhas antes de dormir. Eu nem cochilei.
Os mais belos montes escalei.
Nas noites escuras de frio chorei, ei , ei...

A vida ensina e o tempo traz o tom pra nascer uma canção.
Com a fé do dia a dia, encontro a solução. Encontro a solução.
Quando bate a saudade eu vou pro mar.
Fecho os meus olhos e sinto você chegar. Você chegar.

Quero acordar de manhã do teu lado e aturar qualquer babado.
Vou ficar apaixonado, no teu seio aconchegado.
Ver você dormindo e sorrindo, é tudo que eu quero pra mim

sexta-feira, 7 de março de 2014

Normal ou cesariano: a pressão social sobre o tipo de parto

Esse é um post difícil, que levei tempo para conseguir escrever e ainda assim tenho muitas dúvidas sobre ele. Mas resolvi realizá-lo até como forma de reflexão. Não tenho uma opinião fechada sobre o tema e nem creio em verdades absolutas, mas há muito tempo sinto vontade de falar sobre isso. Então, vamos lá... Quando engravidamos, há um conjunto de perguntas que nunca paramos de responder: "Tá passando bem? Já sabe o sexo? Já tem nome? Pra quando é? Você vai querer fazer parto normal ou cesariana?". A maioria dessas perguntas, feitas muitas vezes só para puxar assunto ou por educação, geram respostas que as pessoas esquecem dali cinco minutos. Menos essa última, "Você vai querer fazer parto normal ou cesariana?". Ela geralmente vem carregada de um juízo de valor. No começo eu achava que era impressão minha, mas trocando ideia com outras pessoas percebi que mais gente sente assim.

Tenho a sensação de que existe uma grande pressão sobre a gestante em relação ao tipo de parto que ela vai fazer, especialmente se for parto cirúrgico. Já vi mulheres serem fitadas como se fossem um bicho do mal, ou mães piores, porque optaram pela cesariana. Exceto entre os médicos, que me parecem se dividir na preferência pelo parto cirúrgico ou natural, há um certo consenso social de que o parto normal é o mais indicado tanto para a mãe (que se recupera melhor e com mais rapidez) quanto para o bebê (que cumpre total e naturalmente seu ciclo de gestação). Uma simples busca na internet traz inúmeras vantagens desse tipo de parto e eu, pessoalmente, acredito na maioria delas.

Por outro lado, há uma preferência de boa parte dos médicos brasileiros em realizar cirurgias cesarianas, sob todo tipo de argumento: é mais rápida, mas vantajosa economicamente, com riscos mais controlados, indolor, com melhor oxigenação, entre outros. Do outro lado, estão aqueles que afirmam que a cesariana é antinatural, extremamente invasiva, violenta e desrespeitosa para a mulher (que, anestesiada e imobilizada, passa a ser coadjuvante no parto, e não protagonista). Há ainda as críticas de que médicos, enfermeiros e ambientes hospitalares têm procedimentos padronizados e inadequados para o parto natural, pois esse deve ser personalizado, carinhoso, ter seu tempo respeitado e tudo mais. Os defensores do parto normal estão convictos de que as equipes que atendem nos hospitais não sabem fazer o procedimento de forma adequada - tratam a mulher com frieza, a pressionam com agressividade para fazer força e sempre querem acelerar o trabalho de parto, não respeitando seu tempo. Por isso muitas pessoas hoje optam por fazer o parto normal fora do hospital - muitas vezes em casa - e com o acompanhamento de doulas e parteiras.

Enfim, não pretendo aqui defender as vantagens e desvantagens de cada tipo de parto - há dados de sobra sobre isso por aí. Quero, sim, chamar atenção para um discurso que vai além das informações sobre os benefícios e malefícios de cada um. Isso porque muita gente trata desse assunto rotulando os tipos de parto e quem passa por eles. Cansei de ouvir que o parto normal é mais nobre, mais corajoso, mais digno. Mas também já ouvi que quem opta por ele - especialmente fora de ambiente hospitalar - é irresponsável, modista, "bicho-grilo", xiita.

Conheço muitas pessoas que defendem os direitos da mulher sobre o seu próprio corpo, especialmente o direito de decidirem sobre levar uma gravidez adiante ou não. Criticam a criminalização do aborto e a ausência de assistência médica e hospitalar fornecida pelo poder público para interrupção segura da gravidez, o que leva milhares de mulheres à morte. Por outro lado, não raro essas mesmas pessoas são as primeiras a "criminalizar" a cirurgia cesariana e quem "se sujeita" a ela, por ser antinatural, violenta e promovida por médicos "preguiçosos e mercenários". Independentemente da minha posição sobre a descriminalização do aborto ou os tipos de parto, quando ouço esse pessoal fico com a dúvida: médico, anestesia e hospital para realizar abortos seriam bem-vindos e um respeito ao direito das mulheres, mas médico, anestesia e hospital para partos cesarianos são maléficos, invasivos e violentos para as mulheres? Não faz sentido... Quem luta para que as mulheres não sintam culpa ao abortar não deveria lutar para que as mulheres não sintam culpa por preferir esse ou aquele tipo de parto?

Eu, particularmente, sou atendida por um médico "cesarianista", em quem confio muito. Ele conhece meu histórico, tratou o meu aborto retido, realizou a minha curetagem e, em partes, é graças também a ele (e a infraestrutura hospitalar que ele utiliza) que estou bem e grávida agora. Mas ao longo desses meses todos de gestação já chorei muito e me senti culpada por não ter iniciado um acompanhamento com outro médico, que faça parto normal. Por muito tempo me senti covarde pois, entre fazer uma cirurgia com meu GO de confiança ou tentar o parto normal com um que mal conheço, cedi à zona de conforto e me agarrei ao meu médico. O principal argumento que me vinha à cabeça era: e se na hora H o parto normal não for possível e eu acabar no centro cirúrgico de qualquer jeito, só que sem o obstetra em quem confio? Devo me sentir culpada por querer me sentir segura?

Eu não tenho medo da dor do parto normal, mas sei de mulheres que têm pânico dela. E aí eu me pergunto: o que é mais desrespeitoso, pressionar uma mulher que no fundo está apavorada pela dor a tentar o parto normal, ou respeitar sua decisão de ir para o centro cirúrgico sem culpa por se sentir melhor e mais tranquila assim? Qual é a maior violência praticada, a de ser anestesiada, imobilizada e cortada porque você - ou o médico em quem você confia - acredita que seu bebê nascerá com mais segurança dessa forma, ou a de receber olhares e opiniões condenatórios que te fazem sentir covarde e uma péssima mãe por não tentar o parto normal? Quem, por exemplo, pretende ganhar seu neném dentro de um hospital, não pode preferir a cesariana já que médicos e enfermeiros são mais preparados - e menos violentos - para fazer cirurgias do que fazer partos normais? É justo julgar a gestante, que não é causadora desse contexto e sim "refém" dele?

Outra coisa que pesa nessa hora, para quem pretende parir na rede particular e com o médico escolhido, é o fator financeiro. Muitos planos de saúde não cobrem o parto normal - por ser mais demorado -, a não ser que você o faça com o plantonista. Fora do plano, salas humanizadas, equipe de apoio e honorários médicos podem custar dezenas de milhares de reais, sem contar as despesas hospitalares, como internação, medicamentos necessários e tudo mais. Conheço pelo menos três mamães que gastaram esse dinheirão todo para fazer o parto normal humanizado e no fim acabaram precisando de cesariana. E se eu não tiver essa grana? E se eu tiver, mas não quiser gastá-la assim?

Para relaxar de toda essa pressão, o primeiro ponto a pensar é: nem sempre o tipo de parto a ser feito é uma escolha da mãe, pois há todo um contexto clínico por trás desse procedimento. Não se trata de uma compra de prateleira! Vejam: cá estou eu, na 33a. semana de gravidez, com o bebê pélvico - sem pinta de que vai virar - e com a placenta se dividindo em duas, o que torna o parto normal contraindicado pelos médicos. E já me convenci de que não serei menos mãe do que ninguém se eu não tentar o parto normal. Aos poucos, na minha cabeça, estou conseguindo dar mais espaço ao meu instinto do que à opinião dos outros e, assim, me sentir menos confusa em relação ao assunto.

Por fim, creio que, mesmo quando o procedimento é uma escolha da mulher e não resultado de um cenário clínico, ele deve ser totalmente respeitado. Esses dias ouvi uma grávida dizendo que gostaria que o bebê dela ficasse sentado, só para ter uma desculpa para não tentar o parto normal. Ela nitidamente estava envergonhada por preferir fazer a cesariana e eu achei muito triste que alguém (ou "alguéns") tenha feito ela se sentir assim. Acho que sou a favor é do parto sem culpa e do respeito à individualidade das pessoas. A melhor forma de cada bebê nascer, na minha opinião, deve ser uma conversa entre sua mamãe, seu papai e a pessoa que acompanha a gravidez (seja médico, doula, parteira). Por isso, hoje penso mil vezes antes de perguntar a uma grávida qual tipo de parto ela quer fazer...

#32semanas

Leia também: Estou bem! Meu filho nasceu e perdi o "timing" do blog, mas vou contar tudinho...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Enxoval: ignorâncias de uma mãe de primeira viagem

Como já havíamos enfrentado uma perda, assim que engravidei pela segunda vez eu e meu marido resolvemos não providenciar nada para o bebê nos primeiros meses. Nos dedicamos apenas a cuidar da alimentação, da rotina, da saúde. Era só o começo e parecia uma caminho muito longo até a nossa sementinha ganhar forma de gente. "Não vamos comprar nada agora", "não vamos comprar nada agora", "não vamos comprar nada agora" foi o discurso que imperou lá em casa nas primeiras semanas e, quando vimos, eu já estava indo para o quinto mês e o neném não tinha nem uma fralda véia! rs Foi nessa hora que me dei conta de que dali um tempo eu estaria barriguda e cansada para ter que providenciar tudo, então começamos as movimentações.

Pude contar com duas coisas a meu favor. A primeira foi a concordância imediata, minha e do meu marido, de que todas as doações oferecidas seriam bem-vindas lá em casa. Em geral, coisas de outros bebês são praticamente novas, pois se usa muito pouco, e não temos problema nenhum que o O use coisas de segunda mão. Nessa brincadeira, ganhamos protetor de berço, almofada de amamentação, meia dúzia de mantas lindas, pilhas de fraldinhas, toalhas e váááááárias roupinhas.

O segundo ponto a nosso favor foi que passamos o Natal grávidos, então a todos que disseram que queriam nos presentear respondemos que o O nos representaria. Ou seja, os presentes poderiam ser canalizados todos para ele. Além disso, em todos os amigos secretos de fim de ano, quando foi possível pedir o presente, escolhemos itens para bebês. Temos uma família grande, então lá vieram mordedores, roupinhas, sapatinhos, toalhinhas de boca, livrinhos, brinquedinhos para o banho e até uniformes de time de futebol. Ainda nessa onda do Natal, tivemos uma outra grande sorte. Uma parte da família viajou para os Estados Unidos e alguns itens que aqui são caríssimos foram trazidos de lá por, pelo menos, metade do preço. Carrinho, bebê conforto, cadeirinha para o carro, babá eletrônica, kit de mamadeiras e extrator de leite, entre outras coisas.

Achei que boa parte da história estivesse resolvida depois de tudo isso. Mas quando comecei a ler as sugestões de listas de enxoval, fiquei de cabelos em pé. Ainda tinha que providenciar móveis para o quarto, banheirinha, toalhas de banho com forro de fralda, berço, roupa de cama, bolsa, trocador portátil, móbiles e outros itens que não acabam mais. Sem contar os produtos que eu sequer sabia do que se tratava. Só aí fui descobrir o que é um cueiro e uma “saída de maternidade”. Mas o pior de tudo é saber, mesmo, o que é necessário. Como sou mãe de primeira viagem, tenho mil dúvidas. Preciso mesmo usar cueiro? Devo mesmo ter uma cadeira específica para amamentação? Extrator de leite elétrico é melhor que manual? Será que vou mesmo usar extrator de leite? Devo ter chupeta em casa desde o começo? E itens de alimentação, como mamadeiras, pratinhos, talheres, cadeirão? É verdade que preciso de panelas especiais quando for cozinhar para ele? Posso ter apenas um berço desmontável ao invés daquele tradicional, de madeira? Segundos os vendedores, sim, tudo é essencial para a saúde e segurança do bebê...

Aí comecei a querer ouvir mães experientes, mas as dúvidas só aumentaram. Umas dizem que não vivem sem uma cadeirinha de móbiles que balança, outras que isso é supérfluo. Outras dizem que o extrator de leite manual é cansativo demais e outras que o elétrico destrói o peito. Umas dizem que se tivessem o segundo filho só comprariam o berço desmontável e outras que é fundamental ter os dois! Por fim, coloquei na cabeça que vou seguir meu próprio instinto e comprar aquilo que, ao meu ver, faz sentido. Até porque, algo que se mostre necessário pode ser comprado depois, não precisamos ter 100% das coisas à mão quando bebê nascer, né? Mas, não se intimidem, se tiverem dicas para me dar, elas continuam sendo muito bem-vindas!

#31semanas

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Soluço dentro da barriga?

Sim. Soluço dentro da barriga! Quando descobri que isso era possível, fiquei chocada. Afinal, durante a gestação, os bebês estão imersos em líquido, não respiram como nós "aqui fora". Mas logo que os movimentos do O ficaram mais fortes, percebi que vez ou outra aconteciam uns "espamos" dentro da minha barriga. Era como se ele me desse chutinhos coordenados. Mas sei que os bebezinhos não tem muita coordenação motora para fazer isso.

No começo, achei que poderia ser algum tipo de "latejamento" de alguma artéria, por conta da circulação do sangue, sei lá. Mas com o tempo esses "espamos" foram variando de lugar e ficando mais fortes e mais frequentes. Não resisti e lá fui eu para o Google, toda preocupada, querendo saber se meu bebê poderia estar sofrendo.

Foi aí que descobri que é normal o bebê soluçar ainda durante a gestação. Há até quem diga que isso é positivo, que o neném está treinando a respiração. Uma amiga chegou a comentar que bebês que soluçam muito dentro da barriga têm menos problemas de regurgitação depois de nascidos. Lenda ou verdade? A conferir!

Enfim, a cada dia uma novidade. Esta semana entrei no oitavo mês e estou curiosa para saber o que me espera nos próximos 60 dias. E depois!

#31semanas

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Queda na gravidez: às 27 semanas, minha barriga virou uma âncora

Escrevo esse post com um pouquinho de atraso, pois o episódio aconteceu  há três semanas. Mas acho válido compartilhá-lo mesmo assim, porque pode servir de alerta para quem não passou por isso e ainda pode redobrar os cuidados para evitar. Então vamos lá: sim, eu caí no meio da rua, feito uma jaca podre, com um barrigão de 27 semanas de gravidez. Eu sei, eu sei, passamos a gestação toda sendo alertadas de que nosso centro de gravidade muda nesta fase e que podemos nos desequilibrar. Mas até ir parar no chão, eu nunca imaginei que, com o mais bobo tropeção, minha pesada barriga viraria um âncora e me puxaria tão rápido para baixo.

Eu estava atravessando uma rua relativamente tranquila e, quando fui subir o meio-fio, que era um pouco mais alto que o normal, tropecei com a ponta do pé e... puf... não deu nem tempo de ver e nem de me dar conta de que estava caindo. Quando dei por mim, estava no chão. Caí de quatro. Primeiro com o joelho esquerdo, depois com as mãos no chão. Felizmente, não bati a barriga e nem sofri um "tranco" muito forte. Foi uma queda idiota mas que, creio, assustaria qualquer grávida

Na hora, a primeira coisa que me ocorreu foi: "Eu não acredito que caí! Que perigo, que risco, que burrice!". Mas, na verdade, eu não estava desatenta ou distraída. Acho que em outra situação eu sequer cairia com aquele tropeção besta. O fato é que meus reflexos estão muito alterados, então não cheguei nem perto de conseguir reagir a tempo de evitar a queda. O saldo final foi um telefone celular com a tela quebrada - porque estava na minha mão e ficou entre o punho e chão na hora que me apoiei - e o joelho esquerdo bem ferido e inchado. 

Mesmo tendo a nítida impressão de que o bebê não tinha sentido o tombo, procurei o médico e ele me disse para observar os movimentos do O por 24 horas e, também, conferir se não havia perda de sangue ou líquido. Não houve perdas desse tipo, mas confesso que tive a impressão de que naquele dia o bebê mexeu menos que o normal. Deve ter sido psicológico! Por sorte, eu tinha um ultrassom agendado para o dia seguinte e vi que estava tudo bem.

Sofri um pouco com o joelho, que incomodou por vários dias. A ferida inflamou e o médico me recomendou uma pomada ótima: colagenase. Cinco dia depois que comecei a usá-la, o machucado ficou limpinho, limpinho. Confesso que desde então fico um pouco insegura ao atravessar a rua, descer escadas e tudo mais. Não quero colocar minha gravidez em risco por um outro incidente desses, que posso tentar evitar sempre. Então, gravidinhas, fica a dica de quem tomou o susto: cuidado ao caminhar ouvindo música, falando no telefone, com sapatos inadequados, em chão molhado, em escadas e etc, ok?

#30semanas

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Minha placenta está se dividindo

Ontem foi dia de ultrassom. Do alto das minhas 28 semanas e 3 dias de gestação, já não fico mais tão nervosa como no começo, mas sempre dá um friozinho na barriga. Até aqui, a maioria dos exames foi de pura alegria, fofices do neném e o médico repetindo: "tudo normal", "tudo normal", "tudo normal". Meu marido sempre faz questão de ir, mas justo essa semana ele viajou. E, justo essa semana, surgiu uma novidade na hora do exame.

Ao examinar a placenta, o ecografista percebeu uma fissura parcial em determinada região. A imagem que vi na tela se assemelhava a um tecido se rasgando. Ele explicou que provavelmente há, naquela parte, algum vaso que não funciona muito bem. Quando isso ocorre, a placenta tende a "migrar" para uma região melhor irrigada. Pelo que entendi, para "desviar" daquele vaso, uma parte foi para a esquerda e outra para a direita, criando o "rasgo". Ainda há uma pedacinho fino unindo as duas partes e o médico recomendou apenas monitorarmos. Ele disse que ela "ainda não está, de fato, dividida".

Não perguntei se é garantido que ela se dividirá ou se isso pode regredir ou estabilizar. Na hora, minha única preocupação foi perguntar sobre a saúde do bebê. O médico explicou que a parte à qual o neném está ligado passa a ser chamada de "matriz", e a outra de "acessória". Explicou que isso não prejudica o crescimento do bebê - aliás, o peso do O está até acima da média - e que a única preocupação é na hora do parto, especialmente se for parto normal. Isso porque, após a saída do neném, a placenta é puxada pelo cordão umbilical e pode acontecer de essa parte "acessória" não sair junto, ficando dentro do útero e causando hemorragias e um monte de transtornos dias depois.

O doutor me explicou tudo isso, mas frisou o tempo todo que não devo ficar preocupada e que é apenas algo para monitorarmos daqui para a frente. Um sinal amarelo. Incrivelmente, eu segui a recomendação e não pirei com a história. Apenas senti falta do meu marido na hora do exame e, claro, fiquei surpresa com a notícia. Eu nunca tinha ouvido falar que a placenta poderia se dividir em duas!

Claro que, chegando em casa, joguei tudo no Google (maldito Google!) e descobri que, num vocabulário mais técnico, isso é chamado de várias maneiras, como "placenta bilobada", "placenta lobulada", "placenta bipartida" ou "placenta acessória". Mas parei as pesquisas por aí. Vou confiar no médico e ficar tranquila, especialmente porque o O continua mexendo muito e acho que ele está superbem aqui no forninho. Torço apenas para que os próximos exames voltem a ser de pura alegria, fofices do neném e o médico repetindo: "tudo normal", "tudo normal", "tudo normal".

#28semanas

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domingo, 26 de janeiro de 2014

27 semanas e nenhum sinal de colostro...

Eu sei, eu sei, assim que o neném nasce o leite vem. Mas muitas mulheres - várias amigas minhas, inclusive - já sentem a presença do leite durante a gestação, seja na forma de uma "massinha" branca que cobre o mamilo, seja na forma líquida mesmo, que eventualmente pinga. Meu médico explicou que isso pode acontecer já a partir da 16a. semana e conheço gestantes que antes de 20 semanas já observavam esses sintomas.

No meu caso, o peito cresceu muito e o mamilo, além de crescer, também escureceu. Mas sinal de leite ou colostro? Nenhum. Todos os dias o bico está tão limpinho e sequinho quanto antes de eu engravidar. Eu e o médico até tentamos pressionar um pouco o peito para ver se aparecia algum sinal de leite, mas nadica de nada. Ele disse para eu não me preocupar, que cada mulher tem o seu momento de "explosão" do leite e que isso pode acontecer antes do nascimento ou só nesse momento mesmo.

Não quero ficar ansiosa - para, inclusive, não atrapalhar a produção de leite, que eu sei que pode ser afetada por estresse - mas confesso que me dá uma preocupaçãozinha e um medo de me frustrar. Quero muito amamentar meu bebê! Até já estou equipada com uma série de artigos que ganhei dos avós para a amamentação: pomadinha de cicatrização dos mamilos, protetores de seio, bico de silicone, extrator elétrico de leite, recipientes de todos os tamanhos para armazenar e por aí vai. Agora é torcer para que venha em abundância e beber muito líquido!

#27semanas

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Como é difícil escolher o nome do bebê!

**Pessoal, por uma barbeiragem digital minha, ontem esse post e todos os comentários foram deletados, mas já republiquei tudo, para continuarmos o nosso papo. Desculpem-me pela bagunça!** 
**O texto abaixo foi originalmente publicado no dia 15/01/2014**

Sou uma típica canceriana, bem sonhadoooooora. Desde mais jovem brincava de fazer listas de nomes que queria para o meu filho ou filha. Já fui aficcionada por Sofia, Bernardo e Frederico. Enjoei de Sofia e casei com um cara que não gosta de nomes muito compridos - ele vetou Frederico antes mesmo de pensarmos em engravidar. Sempre acreditei que, no dia em que soubesse o sexo do meu bebê, ele teria seu nome imediatamente.

Ainda que desde o início da gravidez eu tenha elencado nomes que acho lindos, nunca imaginei que teria dificuldades com isso na hora H. Descobri que teria um menino na 14ª semana de gestação e, depois, as dúvidas se arrastaram por semanas. Percebi que, por mais divertido que fosse pensar nas opções, a responsabilidade de escolher oooooo nome é muito grande. E se ele não gostar? E se os outros não gostarem? E se não combinar com ele?

Demorei um tempo para entender que jamais agradaria a gregos e troianos. Quando comentava as minhas opções com amigos e familiares, sempre tinha uma meia dúzia torcendo o nariz para algumas delas (não necessariamente as mesmas). Vi que teria que chutar o balde e escolher junto com o meu marido, sem me importar com a opinião de todas as pessoas ao redor.

Aí foquei, então, no fator "marido". Porque o pai, claro, tem todo o direito de querer escolher o nome também. Meu esposo, além de limitar a lista, deu várias sugestões que não me agradaram. Além disso, ao contrário de mim, ele não achava tão divertido ficar horas pensando nisso. Toda vez que eu propunha falarmos sobre o nome do bebê, ele dizia: "calma, temos tempo". Quando me vi, estava chegando na 20ª semana e não aguentava mais responder à pergunta: "e qual é o nome do bebê mesmo?".

Então dei um ultimato no papai. Sentamos e fizemos uma lista de cinco nomes que ambos gostávamos (como Inácio, Murilo, Danilo) e combinamos que, só entre nós, chamaríamos o bebê por cada um daqueles nomes durante uma semana, para testá-los. Começamos pelo número 1 da lista, um nome que aqui vou chamar simplesmente de O. E o bebê virou O para sempre! Nunca chegamos a fazer o teste com um segundo nome... Foi assim que aconteceu =)

#26semanas

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um bebê mexilhão, uma confusão de cólicas e contrações de treinamento

Estou na 24ª semana de gravidez e meu meninão mexe o tempo todo. Ele me acorda de madrugada e até já dá para ver, a olho nu, a minha barriga pulando feito um saco de pipoca. Quando meu marido vem dormir depois de mim, o menino faz uma festa, como se percebesse a presença do pai. É incrível! Algumas vezes até cheguei a ficar preocupada, de tão ativo que ele é. Felizmente, até agora não li nada problemático sobre bebês que mexem demais na barriga.

Mas até um mês atrás eu ainda tinha dificuldades para identificar os movimentos do bebê e diferenciá-los dos gases e líquidos acumulados no abdômen. Na verdade, desde o início da gravidez minha vida é uma verdadeira confusão de cólicas. Sempre soube que o útero estava crescendo, que o funcionamento do intestino pode ser um problema na gravidez e que tudo isso causa cólicas. Mas na hora H, fico em dúvida se a dor é uterina ou intestinal. Se as dores forem fortes, sempre tomo o Buscopan, pois além de diminuir a dor ele relaxa o útero – o que pode ser positivo em caso de contrações.

Falando em contrações, esses dias senti cólicas mais fortes. Tudo bem que meu intestino não estava funcionando direito, e provavelmente as dores vinham daí, mas vez ou outra a barriga ficava dura, dura, dura e depois passava. Foi aí que descobri as tais contrações de treinamento (ou de Braxton-Hicks). São um tipo de “ensaio” do corpo para o trabalho de parto e, pelo que entendi, não ameaçam a saúde da gravidez. Claro que conversei com o meu médico e ele disse para ficar tranquila e me preocupar apenas se houver sangramento.

Enfim, cada dia uma novidade! Em breve volto com outras :)
Beijos e um feliz 2014 a todos.

#24semanas

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