sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Primeiros dias após o parto: Por que ninguém avisou que seria assim?

Ou eu busquei pouco sobre o assunto, ou relatar as dificuldades das primeiras semanas após o parto virou tabu entre as mamães. Acho incrível como, nos dias de hoje, com tanta informação rolando por aí, muitas mulheres estejam desinformadas sobre os primeiros dias após o parto e tenham que enfrentar a sensação de que são as únicas a acharem tudo aquilo muito complicado. Nos primeiros dias após o nascimento do O., me senti perdida, confusa, cansada, despreparada, amedrontada. Chorava tanto! Nossa, como chorava. Minha mãe, que veio ajudar com o bebê, quase ria da minha cara e dizia que tudo aquilo era normal. Amigas e amigos a quem recorri disseram a mesma coisa. E eu pensei: "Gente, eu convivo com vocês há tanto tempo e vocês nunca me avisaram que seria assim? Nunca comentaram que passaram por isso?". Foi um dos momentos mais desafiadores da minha vida e eu não conseguia entender como é que alguém vive isso sem compartilhar.

Para fazer justiça, devo dizer que, dias antes do parto, o obstetra me alertou sobre a grande variação hormonal que eu viveria após o nascimento do bebê. Afinal, a placenta passa meses produzindo hormônio dentro do seu organismo e, de repente, de um minuto para o outro, ela é retirada e você sente o baque. Imaginei que seria como uma TPM. Ele disse que eu ficaria sentimental, confusa, feliz e triste ao mesmo tempo. Que duraria mais ou menos 15 dias e logo minha estabilidade emocional estaria de volta - quando isso não acontece, surge o alerta da depressão pós-parto, mas felizmente não foi o meu caso. Mas nunca imaginei que seria tão intenso!

Além dessa emoção toda, vem a carga de pressão e responsabilidade sobre os cuidados com o bebê. Pressão porque, no fundo, você tem medo de errar e se sente vigiada por quem está ao redor. Responsabilidade porque agora você tem um ser que depende 100% da sua atenção, do seu jeito, do seu amor. E você lá, chorosa, às vezes dolorida, com os seios machucados, sem poder dormir, também precisando de um colinho. Cara, não é fácil. Eu só pensava: "Gente, onde estão as fofurices? A serenidade da maternidade?". E aquele papo de que a mulher fica mais bonita depois que o filho nasce? Eu mal podia me olhar no espelho... E não aguentava mais ouvir as pessoas dizendo: "Está chorando por quê? Se você teve um filho tão lindo e saudável?". Eu chorava mais ainda por me sentir ingrata. Meu marido buscou no Google explicações para tanta "tristeza" e a melhor foi essa aqui. Foi um alívio ler esse texto e saber que era uma questão de tempo. 

Claro, bem gradualmente as fofurices e a serenidade foram chegando à minha casa (ainda estou aguardando a beleza, hehe). Mas confesso que senti falta de estar melhor preparada para o momento pós-parto. Concluí que passei a gravidez muito preocupada com a gestação, com o dia do parto e com o enxoval do bebê, e que deveria ter me preparado melhor para o pós-parto. Porém, não sei se a "culpa" por tudo isso é só minha. Algumas amigas que foram mães depois que o O. nasceu passaram por coisas muito parecidas e, assim como eu fiz, mandavam mensagens fechadas me perguntando o que estava acontecendo. Várias - também como eu fiz - estavam chorando escondido de todos, porque ninguém entendia sua "tristeza". Isso é muito duro!

Acho que o X da questão é esse. Temos que compartilhar mais. Sair das "mensagens fechadas" e contar abertamente sobre como é a realidade pós-parto. Ninguém deveria ser julgada por "reclamar" da situação, por vivenciar seus sentimentos, medos, "tristezas". Aliás, quanto mais conhecer sobre esse momento, melhor a mamãe poderá se ajudar e ser ajudada. Enfim, às "desavisadas", fica o recado: se você achar que os primeiros dias com o seu bebê estão sendo um grande perrengue, tiver vontade de chorar várias vezes por dia, se sentir com medo e despreparada, tenha certeza de que você é uma mãe normal. Não é pior que ninguém. Nem mesmo do que aquelas que dizem "Ah, na minha casa foi tudo tão lindo, tranquilo, angelical, organizado...!".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Pós-parto no hospital: um dos piores momentos da minha vida

Antes do O. nascer, li várias coisas sobre violência obstétrica, os impessoais padrões hospitalares, a “indústria da cesárea” no Brasil. Cheguei a escrever sobre isso no post Normal ou cesariano: a pressão social sobre o tipo de parto, no qual “reclamei” da pressão (e da culpa) que sofri por não fazer parto natural. Até então, eu não havia idealizado o momento do parto, não estava tão preocupada com isso e não tinha grandes implicâncias em relação à cesárea. Mas depois, no post Minha experiência com o parto cesariano, reconheci que a cirurgia foi, para mim, muito pior que o esperado. Futuramente escreverei sobre isso de novo. Hoje, quero falar sobre os tais “impessoais padrões hospitalares”, que até defendi vez ou outra, em nome da ciência e da segurança sanitária.

Pois bem: mais do que no parto, me senti agredida, invadida e desrespeitada nas menos de 48 horas que passei com meu bebê no hospital, no pós-parto. Não, não aconteceu nada fora do previsto. Não tivemos qualquer complicação ou dificuldade. Mas, mesmo assim, chorei de desespero. Ok, naquele chororô havia uma grande parcela do “baque hormonal” que toda mulher enfrenta após o parto. Mas sofri também com a falta de um atendimento um “pouquinho” mais personalizado, mais cuidadoso, mais dedicado, das enfermeiras e médicos.

Vamos à história: ganhei o O. em um hospital particular, relativamente bem conceituado, pelas mãos do meu obstetra, numa cirurgia cesariana. O pós-operatório foi uma correria, porque estávamos só eu e o meu marido. Eu não podia levantar a cabeça ou me movimentar e só tinha ele, meu marido – surpreso e apavorado –, para ajudar o O. em suas primeiras mamadas. Ninguém nos explicou o que viria em seguida, ninguém nos ajudou com um mínimo de paciência. Simplesmente nos deixaram num canto, enquanto meu marido ajudava o neném com a “pega” no seio. Nem eu e nem ele sabíamos se era assim ou assado, se estava tudo correndo bem. Eu sequer conseguia enxergar, por causa da posição, e o papai sequer tinha se preparado para ser tão “ativo” nesse momento. Além disso, meu marido era chamado o tempo todo para resolver coisas burocráticas (receber a chave do quarto, assinar papéis e coisas do gênero). O coitado ficou exausto com a correria de lá pra cá e daqui pra lá, além da carga emocional do momento.

Mas o pior veio depois, quando estávamos no quarto. Exaustos, tentando descansar, e a cada 30 minutos alguém entrava fazendo muito barulho, falando alto, no celular. Acordavam a todos, inclusive o neném. De meia em meia hora vinha uma enfermeira, parecendo um robô, perguntando “Você defecou? O bebê mamou nos dois peitos?”. Cada visita dessas demorava menos de um minuto. E não, eu não tinha defecado e o bebê não tinha mamado nos dois peitos. Uma amiga havia me aconselhado a, enquanto estivesse no hospital, aproveitar a experiência das enfermeiras para me ajudar na amamentação. Lá pelas tantas, resolvi pedir ajuda, porque o O. só fazia a “pega” no seio direito. Uma enfermeira apressada veio me atender. Em 30 segundos, apertou meu mamilo, disse que eu tinha pouco colostro e foi procurar uma prescrição de fórmula (sim, ela queria dar uma mamadeira de leite artificial para o meu bebê nascido há menos de 12 horas). Por sorte, eu havia conversado previamente com um pediatra que me alertou sobre esse tipo de conduta “preguiçosa” de enfermeiras que não querem perder tempo com você. Dão logo a fórmula e está tudo resolvido. Não deixei que ela desse nada a ele...

Depois desse momento, senti que estava desamparada. Estava com dor, chateada, preocupada (claro!), insegura e... solitária. E as visitas da enfermagem continuavam a cada meia hora: “E aí? Você já defecou? O bebê mamou? Nos dois peitos?”, “Você já defecou? O bebê mamou nos dois peitos?”. Aquilo parecia uma pressão sem fim sobre a minha cabeça, como se fosse tudo uma grande incompetência minha. Eu só queria ir pra casa e cuidar do meu filho em paz... Aí uma amiga que havia ganhado bebê no mesmo hospital me contou que, se essas duas coisas não acontecessem, eu não teria alta no tempo previsto. Fiquei desesperada, porque eu ainda não havia feito cocô e o O. continuava mamando corretamente apenas no seio direito. Passei a segunda noite andando pelos corredores e chorando. Parecia que estava aprisionada naquele lugar, que nunca mais sairia dali. Eu só queria ir embora.

E as enfermeiras continuavam “Defecou? Mamou? Nos dois peitos?”. Uma delas pegou o O. como se fosse um boneco qualquer e arrancou-lhe as roupas para ver se, com frio, ele mamava melhor. Outra colocou na minha mão um supositório de glicerina para que eu mesma aplicasse. Sim, eu mesma. Eu, que tinha tido sete camadas do meu abdômen rasgadas, estava costurada, enfaixada, inchada, machucada. Não tive coragem de pedir que ela me ajudasse... Sem contar o pessoal da limpeza, batendo vassoura e alça de balde dentro do quarto, sem nenhum cuidado. Foi aí que tomei uma decisão séria (e até irresponsável): resolvi que só conseguiria superar os obstáculos (ir ao banheiro com calma e aprender a amamentar meu filho) num ambiente favorável, que definitivamente não era aquele, então comecei a mentir. A cada “fiscalização” das enfermeiras, passei a responder: “Sim, eu defequei. Sim, ele mama nos dois peitos”. “Sim, eu defequei. Sim, ele mama nos dois peitos”.

Até que chegou o momento de os médicos avaliarem o O. para lhe dar alta. O primeiro veio fazer o exame de audição e perguntou aonde estava a chupeta. Eu disse, chocada, que o bebê não havia ganhado uma chupeta. Então o médico disse, contrariado, que precisava que o O. ficasse em silêncio durante o exame, como seu eu pudesse ter controle sobre isso. Por sorte, o neném estava tranquilo e deu tudo certo. Enfim, continuei mentindo e, como uma benção do universo, quando a última médica entrou no quarto para avaliar a amamentação, o O. pegou meu peito esquerdo como nunca tinha feito antes e mamou na frente dela (como quem diz, “vou te ajudar a tirar a gente daqui, mamãe”). Tivemos alta em 48 horas e só quem testemunhou sabe o quando chorei ao entrar em casa com meu filho nos braços.

PS.: Hoje, o peito esquerdo é o preferido do O. E, sim, eu fiz cocô logo que cheguei em casa!

Leia também: Primeiros dias após o parto: Por que ninguém avisou que seria assim?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Parabéns para nós!

Hoje o blog O Mundo de Mirela completa dois anos. E eu tenho muito orgulho de mim, por ter tido coragem de começar a escrever sobre momentos tão duros, e de vocês, por terem tido a coragem de seguir lendo. Sei que nem tudo por aqui são flores. Mas acho que todos merecemos parabéns!

Nesses dois anos, computamos mais de 130 mil visualizações, tanto do Brasil quanto de outros países, como Portugal, Estados Unidos, Índia, Espanha, Alemanha, Angola, França, Reino Unido e até da China. Foram quase 800 comentários, cheios de informação, torcida, dúvidas, partilha, apoio e toda gama de sensações que a vida envolve,

O que não posso computar é quantas lágrimas, minhas e de vocês, rolaram por essas páginas. Quantos suspiros - de tristeza ou de esperança - compartilhamos neste ambiente digital, desde nossos sofás, ou de camas hospitalares. Quantas vezes nos lemos antes ou depois do aborto retido, ou da histeroscopia, do BHCG negativo, positivo ou inconclusivo, da dúvida sobre tentar de novo.

Quanta energia positiva trocamos, minha gente! Torço muito para que continuemos por aqui, por mais um ano, ou dois, ou três...

Leia também: Pós-parto no hospital: um dos piores momentos da minha vida

domingo, 30 de novembro de 2014

Quando você acha que entendeu tudo, a vida muda de fase

Hoje vou escrever sobre uma sensação que vale tanto para a gravidez quanto para a vida com filhos: os eternos obstáculos a superar. Não são sempre os mesmos obstáculos, mas novos. Eles se renovam de tempos e tempos, justo quando você acabou de dominar a situação. Sempre digo que ser mãe é como jogar vídeo game: quando você supera uma fase, começa outra.

Quando descobri que estava grávida, achava que tudo ficaria mais tranquilo depois do terceiro mês. Depois achei que seria mais tranquilo quando sentisse o bebê mexer. Depois, quando visse que ele estava ganhando peso. Depois, quando ele nascesse, o parto tivesse dado certo e eu visse com meus próprios olhos que ele era saudável. Aí o bebê nasceu e eu achei que tudo ficaria mais tranquilo quando a dor da cesárea passasse. Ou quando os aprendizados (e feridas) da amamentação fossem superados.

Tudo isso passou, mas meu bebê dormia mal e acreditei que tudo ficaria mais tranquilo quando eu aprendesse a fazê-lo dormir melhor. Quando ele aprendeu a dormir, passou a ficar mais tempo acordado e precisava ser estimulado. Enchi a casa de tranqueiras de balançam, tocam música e blá, blá, blá, mas ele não ficava mais que 20 minutos ligado nelas. Aí pensei, “nossa, quando ele aprender a sentar e brincar sozinho, tudo ficará mais tranquilo, porque não precisarei distraí-lo o tempo todo”. Comprei aqueles tapetinhos de EVA, para estimular seus movimentos, mas agora ele se arrasta para todo lado e sequer fica no tapete. “Meu deus, temos que cobrir as tomadas e cantos de mesa!”, penso eu.

Então ele dorme a noite toda, senta bonitinho, se distrai sozinho por um bom tempo, mas agora também ando preocupada com as comidinhas, se trituro ou não, se dou carne ou não, se coloco sal ou não. Enfim, o que quero dizer é que quando se vira mãe (desde a gravidez) é necessário aprender a lidar com as dúvidas e preocupações, com o certo e o errado e, principalmente, com a casa bagunçada (hehe). Tudo acontece tão rápido! A preocupação de hoje estará resolvida amanhã, mas aí virá uma nova.

Parece que todos os posts desse blog sempre acabam na mesma lição: PACIÊNCIA, MEU POVO. PACIÊNCIA.

Leia também: Parabéns para nós!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cinco meses depois...

Oi, pessoal! Aqui estou eu, passando para dar oi, atrasada de novo. Nem preciso dizer que a vida anda corrida, né? Basta ver a data da minha última postagem. Isso dói no meu coração, porque tanta coisa interessante está acontecendo na minha vida e na do O., que adoraria compartilhá-las em tempo real. Não dei conta até aqui, mas também não desisti de tentar. Todos os dias escrevo “blog” na minha listinha de tarefas, leio os e-mails e comentários enviados, porém a vida com um bebê tem tantas prioridades que muita coisa fica só na listinha mesmo. Mas, como disse, não desisti e vou tentar retomar as postagens – e, se possível, responder todos os comentários e e-mails recebidos.

Tenho tanta coisa para contar, que sobram dúvidas sobre por onde começar. Por aqui, já passamos pela fase “recém-nascido”, pela expectativa de horas de sono (O. dormiu sua primeira noite inteira aos dois meses!), pela volta ao trabalho, pela introdução alimentar, pelo dilema creche x babá, entre outros tantos. Vou pensar num assunto bem bacana para retomar as postagens periódicas. Se quiserem sugerir, fiquem à vontade. Estou morrendo de saudades de escrever aqui! Hoje passei só para dizer que estou viva e que não, esse blog não está abandonado (embora pareça).

Beijos!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Minha experiência com o parto cesariano

Eu nunca tive medo do parto normal. Pelo menos não mais do que da cesárea. Eu tinha, sim, um medinho do parto, de que algo não saísse bem, independentemente do tipo de parto. Sim, sempre fiquei muito impressionada com as histórias horripilantes que (exageradamente) rolam por aí sobre problemas sofridos por nenéns durante o parto natural (falta de oxigenação, acidentes com o fórceps, ter que ser reanimado etc.). E, embora ache o parto humanizado sensacional (adoraria que o meu fosse assim, se os profissionais e hospitais preparados para isso não cobrassem tão caro), nunca fui ativista contra os procedimentos médicos e hospitalares, geralmente padronizados. Diante de tudo isso, quando dois médicos me recomendaram a cesárea (porque o bebê estava pélvico e porque a placenta estava bilobada, ou seja, dividida), não titubeei em aceitar. Já havia perdido um bebê, não teria coragem de teimar, principalmente sendo mãe de primeira viagem.

Além disso, conversei com muitas pessoas que tiveram cesáreas bem tranquilas. Outras nem tanto. Mas também conheço quem teve complicações no parto normal. Muita gente me disse que hoje em dia cesárea não é mais um bicho de sete cabeças, que é um procedimento simples (leia-se seguro, de praxe) e rápido. De fato, pela quantidade de bebês que nascem de cesárea no Brasil, só poderia ser isso mesmo, certo? Pois bem, eu não achei...

Vejam bem. Meu parto foi tranquilo - ou seja, nenhum incidente, nenhum imprevisto. Recebemos nota dez tanto do obstetra quando do neonatologista. Em nenhum momento achei que algo estava saindo errado e todo o tempo tive tranquilidade de que eu e o bebê estávamos bem. Tudo isso saiu como eu esperava. Mas que a cesárea e sua recuperação não são fichinha, isso não são. Vou listar aqui algumas coisas que me impressionaram:

- Entre me cortarem e tirarem o neném, foi muito rápido. Mas o tempo que levaram me "limpando", fechando, costurando foi bem demorado. Afinal, sete camadas do corpo são invadidas até se chegar ao neném.
- Tive que ficar deitada na horizontal, sem sequer levantar a cabeça, durante 12 horas após o parto. Isso significa que não pude atender meu bebê em suas primeiras horas de vida. Meu marido cuidou dele e o colocava no meu peito para mamar. Até a fazer a "péga" correta no peito foi meu marido quem ajudou.
- Por causa dessa posição, eu quase não conseguia olhar meu filho. Meu marido fazia fotos do rostinho dele e me mostrava na cama do hospital. Calculem minha ansiedade para vê-lo, pegá-lo, beijá-lo, amamentá-lo com mais conforto.
- Sim, eu senti muita dor, em seguida e durante vários dias após o parto. Isso, somado às dores da amamentação (mamilos feridos) e às dificuldades de se cuidar de um recém-nascido pela primeira vez na vida, me deixou muito estressada.
- Tive dor de cabeça por causa da anestesia (ráqui).
- Minha barriga vai ficar dormente por até um ano...

Por outro lado, tive uma sorte com a cesárea. Meu obstetra viu, enquanto limpava o útero, que havia um mioma em uma das trompas e aproveitou para retirar. Mas, convenhamos, foi só uma sorte, não motivo para encorajar ninguém a fazer o parto dessa forma.

Não, não me arrependo de ter feito o parto cirúrgico e nem estou dizendo que não farei novamente (só deus sabe!). O fato é que descobri que eu estava enganada quanto à "simplicidade" da cesárea. Acho que o parto normal exige coragem, mas a cesárea exigiu de mim muita força e foco. Num segundo filho, talvez eu opte por teimar um pouco com os médicos. Talvez...

Leia também: Cinco meses depois...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vésperas do parto: o médico viajou, o bebê virou e o medo chegou

No último mês de gravidez eu já sabia que faria cesárea. Além de o bebê estar pélvico (sentado), eu tive placenta bilobada (dividida) e recebi recomendação de dois médicos para realizar o parto cirúrgico. Com isso, conversei com o obstetra e escolhi o hospital. O médico não queria que fosse depois da quadragésima semana e eu não queria que fosse antes, a não ser que o trabalho de parto se iniciasse. A quadragésima semana era logo depois Páscoa e eu fiquei torcendo para ter mais esse feriado para descansar antes de o bebê nascer. E assim foi!

Mas, claro que a última semana não seria "sem emoção". Meu médico resolveu ir a um congresso no exterior e deixou um "substituto" - que eu nunca tinha visto na vida - de sobreaviso, caso algo acontecesse. Esse substituto opera em outro hospital, ou seja, se o neném resolvesse nascer nessa última semana, seria tudo diferente do que eu imaginava (outro médico, outro hospital...). Não que haveria riscos no parto se fosse assim (a maioria das mulheres brasileiras ganham seu filhos com médicos que desconhecem e no leito que estiver à disposição naquele momento), mas para mim, que achei que tinha tudo sob controle, foi um "estressezinho" a mais. Tive que controlar a ansiedade por sete looooongos dias. Lembro-me que meu médico disse que estaria de volta à cidade no domingo de Páscoa - seu voo posaria às 3 da madrugada e às 3 da madrugada eu acordei, olhei no relógio e pensei: "Ufa! Passamos por essa."

Antes de viajar, o médico me deixou dois pedidos de ultrassons, para avaliar a maturidade fetal - não faríamos o parto se o exame não indicasse que o neném já estava bem desenvolvido. No primeiro que fiz: surpresa! O O. havia mudado de posição. Virou! Mas não encaixou. Lembrei que dias antes eu havia sentido umas dores fortes na barriga. Segundo o médico, é normal doer quando o bebê vira tão no finalzinho. Fiquei feliz com a notícia pois, mesmo nascendo de cesárea, é mais fácil quando eles estão de cabeça para baixo.

Enfim, os dois exames, feitos com uma semana de intervalo, indicaram maturidade fetal. Além disso, indicaram que o neném tinha 3,9 kg e 46 cm. Mas, só para não dizer que não tive uma pulga atrás da orelha no final da gravidez, ficamos preocupados com o tamanho do fêmur do bebê. Nesses dois exames o médico ecografista disse que o tamanho do fêmur não era proporcional às outras medidas. Ficamos cismadíssimos, claro. Mas combinei com o meu marido que não nos preocuparíamos com isso nessa altura do campeonato. Afinal, o O. nasceria no dia seguinte e aí poderíamos "conferí-lo" tim-tim por tim-tim.

Medo? Sim, eu senti. Não só de que o bebê não estivesse saudável, mas da cirurgia em si. Tive medo de que ele não chorasse logo (eu certamente ficaria assustada), de que algo acontecesse comigo, de infecção hospitalar e de todas essas coisas que vêm à mente numa hora dessas (até de que ele fosse trocado na maternidade...rs). Mas me esforcei para deixar que a felicidade e a tranquilidade fossem os principais sentimentos... Afinal, aquele dia tão sonhado estava chegando! O dia em que eu ouviria o chorinho do meu filho, como tanto desejei quando fiz a curetagem, um ano e meio antes, e ouvi o chorinho do filho dos outros.

Leia também: Minha experiência com o parto cesariano