quinta-feira, 12 de junho de 2014

Minha experiência com o parto cesariano

Eu nunca tive medo do parto normal. Pelo menos não mais do que da cesárea. Eu tinha, sim, um medinho do parto, de que algo não saísse bem, independentemente do tipo de parto. Sim, sempre fiquei muito impressionada com as histórias horripilantes que (exageradamente) rolam por aí sobre problemas sofridos por nenéns durante o parto natural (falta de oxigenação, acidentes com o fórceps, ter que ser reanimado etc.). E, embora ache o parto humanizado sensacional (adoraria que o meu fosse assim, se os profissionais e hospitais preparados para isso não cobrassem tão caro), nunca fui ativista contra os procedimentos médicos e hospitalares, geralmente padronizados. Diante de tudo isso, quando dois médicos me recomendaram a cesárea (porque o bebê estava pélvico e porque a placenta estava bilobada, ou seja, dividida), não titubeei em aceitar. Já havia perdido um bebê, não teria coragem de teimar, principalmente sendo mãe de primeira viagem.

Além disso, conversei com muitas pessoas que tiveram cesáreas bem tranquilas. Outras nem tanto. Mas também conheço quem teve complicações no parto normal. Muita gente me disse que hoje em dia cesárea não é mais um bicho de sete cabeças, que é um procedimento simples (leia-se seguro, de praxe) e rápido. De fato, pela quantidade de bebês que nascem de cesárea no Brasil, só poderia ser isso mesmo, certo? Pois bem, eu não achei...

Vejam bem. Meu parto foi tranquilo - ou seja, nenhum incidente, nenhum imprevisto. Recebemos nota dez tanto do obstetra quando do neonatologista. Em nenhum momento achei que algo estava saindo errado e todo o tempo tive tranquilidade de que eu e o bebê estávamos bem. Tudo isso saiu como eu esperava. Mas que a cesárea e sua recuperação não são fichinha, isso não são. Vou listar aqui algumas coisas que me impressionaram:

- Entre me cortarem e tirarem o neném, foi muito rápido. Mas o tempo que levaram me "limpando", fechando, costurando foi bem demorado. Afinal, sete camadas do corpo são invadidas até se chegar ao neném.
- Tive que ficar deitada na horizontal, sem sequer levantar a cabeça, durante 12 horas após o parto. Isso significa que não pude atender meu bebê em suas primeiras horas de vida. Meu marido cuidou dele e o colocava no meu peito para mamar. Até a fazer a "péga" correta no peito foi meu marido quem ajudou.
- Por causa dessa posição, eu quase não conseguia olhar meu filho. Meu marido fazia fotos do rostinho dele e me mostrava na cama do hospital. Calculem minha ansiedade para vê-lo, pegá-lo, beijá-lo, amamentá-lo com mais conforto.
- Sim, eu senti muita dor, em seguida e durante vários dias após o parto. Isso, somado às dores da amamentação (mamilos feridos) e às dificuldades de se cuidar de um recém-nascido pela primeira vez na vida, me deixou muito estressada.
- Tive dor de cabeça por causa da anestesia (ráqui).
- Minha barriga vai ficar dormente por até um ano...

Por outro lado, tive uma sorte com a cesárea. Meu obstetra viu, enquanto limpava o útero, que havia um mioma em uma das trompas e aproveitou para retirar. Mas, convenhamos, foi só uma sorte, não motivo para encorajar ninguém a fazer o parto dessa forma.

Não, não me arrependo de ter feito o parto cirúrgico e nem estou dizendo que não farei novamente (só deus sabe!). O fato é que descobri que eu estava enganada quanto à "simplicidade" da cesárea. Acho que o parto normal exige coragem, mas a cesárea exigiu de mim muita força e foco. Num segundo filho, talvez eu opte por teimar um pouco com os médicos. Talvez...

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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vésperas do parto: o médico viajou, o bebê virou e o medo chegou

No último mês de gravidez eu já sabia que faria cesárea. Além de o bebê estar pélvico (sentado), eu tive placenta bilobada (dividida) e recebi recomendação de dois médicos para realizar o parto cirúrgico. Com isso, conversei com o obstetra e escolhi o hospital. O médico não queria que fosse depois da quadragésima semana e eu não queria que fosse antes, a não ser que o trabalho de parto se iniciasse. A quadragésima semana era logo depois Páscoa e eu fiquei torcendo para ter mais esse feriado para descansar antes de o bebê nascer. E assim foi!

Mas, claro que a última semana não seria "sem emoção". Meu médico resolveu ir a um congresso no exterior e deixou um "substituto" - que eu nunca tinha visto na vida - de sobreaviso, caso algo acontecesse. Esse substituto opera em outro hospital, ou seja, se o neném resolvesse nascer nessa última semana, seria tudo diferente do que eu imaginava (outro médico, outro hospital...). Não que haveria riscos no parto se fosse assim (a maioria das mulheres brasileiras ganham seu filhos com médicos que desconhecem e no leito que estiver à disposição naquele momento), mas para mim, que achei que tinha tudo sob controle, foi um "estressezinho" a mais. Tive que controlar a ansiedade por sete looooongos dias. Lembro-me que meu médico disse que estaria de volta à cidade no domingo de Páscoa - seu voo posaria às 3 da madrugada e às 3 da madrugada eu acordei, olhei no relógio e pensei: "Ufa! Passamos por essa."

Antes de viajar, o médico me deixou dois pedidos de ultrassons, para avaliar a maturidade fetal - não faríamos o parto se o exame não indicasse que o neném já estava bem desenvolvido. No primeiro que fiz: surpresa! O O. havia mudado de posição. Virou! Mas não encaixou. Lembrei que dias antes eu havia sentido umas dores fortes na barriga. Segundo o médico, é normal doer quando o bebê vira tão no finalzinho. Fiquei feliz com a notícia pois, mesmo nascendo de cesárea, é mais fácil quando eles estão de cabeça para baixo.

Enfim, os dois exames, feitos com uma semana de intervalo, indicaram maturidade fetal. Além disso, indicaram que o neném tinha 3,9 kg e 46 cm. Mas, só para não dizer que não tive uma pulga atrás da orelha no final da gravidez, ficamos preocupados com o tamanho do fêmur do bebê. Nesses dois exames o médico ecografista disse que o tamanho do fêmur não era proporcional às outras medidas. Ficamos cismadíssimos, claro. Mas combinei com o meu marido que não nos preocuparíamos com isso nessa altura do campeonato. Afinal, o O. nasceria no dia seguinte e aí poderíamos "conferí-lo" tim-tim por tim-tim.

Medo? Sim, eu senti. Não só de que o bebê não estivesse saudável, mas da cirurgia em si. Tive medo de que ele não chorasse logo (eu certamente ficaria assustada), de que algo acontecesse comigo, de infecção hospitalar e de todas essas coisas que vêm à mente numa hora dessas (até de que ele fosse trocado na maternidade...rs). Mas me esforcei para deixar que a felicidade e a tranquilidade fossem os principais sentimentos... Afinal, aquele dia tão sonhado estava chegando! O dia em que eu ouviria o chorinho do meu filho, como tanto desejei quando fiz a curetagem, um ano e meio antes, e ouvi o chorinho do filho dos outros.

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