Quem nunca buscou no
Google as
explicações para um sintoma ou um laudo médico que jogue o primeiro
mouse! Fazer
isso é um comportamento natural de quem tem acesso à web. E nem poderia
ser
diferente, pois a internet está aí, cheia de maravilhas e encantos. Mas
também traz perigos. Cabe a nós saber usá-la e aos médicos aprender a
lidar com nosso acesso à
informação (e à desinformação) online. Quando o assunto é gravidez,
então, esse
tipo de busca é quase incessante. As grávidas querem saber se o BHCG
está normal, se o bebê já tem cotovelo, unha e cabelo, o que significa
cada sigla do exame de sangue, porque sentem mais alguns sintomas do que
outros, qual o melhor
carrinho de bebê, se pode tomar chá verde, fazer exercício fisco,
drenagem linfática,
pilates ou abdominal, quais os riscos da toxoplasmose, porque o bebê
ainda não mexeu
e centenas de milhares de outros assuntos que passam pela cabeça de
qualquer
futura mamãe, principalmente as de primeira viagem. De maneira menos
entusiasmada,
o mesmo fenômeno ocorre com as gestantes que perdem seus bebês ou
recebem
diagnósticos difíceis sobre sua saúde ou a do feto.
Foi assim comigo. Como contei em outro post,
antes de saber que meu neném não estava vivo
senti que poderia haver algo errado. Antes mesmo da ecografia que
revelou o óbito, eu já sabia o que era aborto retido, o que algumas
mulheres sofreram com isso, como foram tratadas, se doeu ou não e tudo
mais. Meu médico até se assustou quando
perguntei a respeito numa consulta de rotina, durante o pré-natal. Eu
não tinha
motivos para estar preocupada com aquilo, mas estava, e já tinha lido
tudo no
Google. Dias depois, lá estava o meu diagnóstico: aborto retido na
décima
semana. Até parece que eu sabia! E, se eu já estava fuçando na internet
sobre essa situação, imaginem
depois que passei a vivê-la.
Li de tudo um pouco. De portais científicos a blogues pessoais e sites picaretas. Li sobre as causas de aborto, sobre o Cytotec, sobre a curetagem, sobre tudo que pode e não pode acontecer, enfim, casos de todo tipo. Vi e ouvi relatos tranquilos e outros assustadores! Curetagens mal-feitas, neoplasias gestacionais, infecções no útero, tudo de ruim que se pode imaginar passou pela tela do meu computador e entrou na minha cabeça. Depois disso, para mim, qualquer sintominha de nada poderia ser algo grave. É como se tudo aquilo que li estivesse acontecendo dentro de mim, e ao mesmo tempo.
Li de tudo um pouco. De portais científicos a blogues pessoais e sites picaretas. Li sobre as causas de aborto, sobre o Cytotec, sobre a curetagem, sobre tudo que pode e não pode acontecer, enfim, casos de todo tipo. Vi e ouvi relatos tranquilos e outros assustadores! Curetagens mal-feitas, neoplasias gestacionais, infecções no útero, tudo de ruim que se pode imaginar passou pela tela do meu computador e entrou na minha cabeça. Depois disso, para mim, qualquer sintominha de nada poderia ser algo grave. É como se tudo aquilo que li estivesse acontecendo dentro de mim, e ao mesmo tempo.
Na consulta seguinte pedi ajuda ao meu médico. Aquela consulta foi mais psicológica do que obstétrica. Ele desmitificou muitas coisas que eu havia lido, esclareceu outras e acalmou meu coração - não completamente, porque acho que isso é impossível, mas muito. Eu compreendi, ali, que estava fazendo mal a mim mesma, sendo um obstáculo a mais para a superação do problema. Não que tudo que li e ouvi fosse mentira, mas eu não precisava daquele tanto de informação, daquele tanto de dor a mais. A preocupação excessiva com o que vai acontecer amanhã não ajuda a resolver o que está acontecendo agora, pelo contrário. Temos que enfrentar uma coisa de cada vez e, naquela hora, eu era uma mulher que perdeu seu bebê e estava em tratamento para limpar o útero. Nada mais e nada menos.
Sei que esse post parece incoerente, já que surtei ao ler histórias na internet e agora estou aqui contando a minha. Espero, sinceramente, que ninguém se deixe enlouquecer pelos meus relatos. Cada caso é um caso e esse aqui é só o meu. O fato é que não são as histórias em si que nos fazem mal e, sim, a forma como as absorvemos (se é que temos que absorvê-las). Eu não deixei de consultar a internet, apenas parei de me torturar com ela. Tentei esvaziar minha mente de tudo aquilo de ruim que eu havia absorvido. Tentei ficar mais leve. É um processo do dia-a-dia, que ainda está em andamento e avançando bem. Enfim, acho que é um exercício que vale para tudo na vida, a vida toda. Pensar positivo e ter esperança sempre!
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