terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Voltando à vida normal: pessoas, abraços, carinho e muita baboseira


Foram 15 dias de recolhimento entre saber que havia perdido o bebê, passar por todo o processo que já descrevi neste blog, me recuperar da curetagem e voltar a trabalhar, ver e falar com as pessoas. Não foi um momento fácil, mas ter ficado afastada por esse tempo ajudou muito. Consegui assimilar a notícia, restringir o contato apenas a quem eu queria por perto, refletir, cuidar de mim, do meu relacionamento e da minha cabeça. Mas confesso que, na hora de colocar o pezinho na rua e voltar à vida normal, deu um frio na barriga. Eu não queria ver ninguém com pena de mim, mas queria apoio. Dei logo um jeito de que todos soubessem que eu havia perdido o bebê (a internet foi uma grande aliada nisso), para evitar futuras perguntas sobre o andamento da gravidez e ter eu mesma que dar a notícia aos mais desavisados – situação constrangedora! Mesmo assim, aconteceu algumas vezes, claro. O fato principal é que nessas horas o apoio pode vir de quem nunca se espera, e nem sempre os ombros considerados os mais amigos estão à disposição.

A gestante que perde o bebê tem que preparar bem os ouvidos e a cabeça, pois ouvirá de tudo um pouco. As frases que mais ouvi foram: “Deus quis assim”, “Em poucos meses você estará grávida de novo”, “Depois dessa, virão gêmeos” e, a pior de todas, “Antes perder do que ter um filho com deficiência”. Essa última é horrível, terrível de se ouvir. Primeiro porque não consola, segundo porque, perfeito ou não, era meu filho e eu o desejava. Acho que o melhor a dizer nessa hora é simplesmente “Força”, “Vai dar tudo certo”, “Conte comigo”, algo assim. Qualquer outra coisa tem grande chance de ser uma gafe. Mas eu optei por não contra-argumentar nada. Acho que, no fundo, quem tenta me confortar está só querendo ajudar e eu tenho que saber filtrar isso, esquecer o que não me serve e aceitar o carinho, seja numa palavra, numa mensagem, num abraço ou até num silêncio. Cada um reage de um jeito à tristeza alheia, não dá para julgar.

Entre tudo que ouvi, o que mais me chamou a atenção foi descobrir a quantidade de mulheres ao meu redor que já haviam passado por isso. Recebi tantas, tantas, tantas mensagens de solidariedade, com histórias incríveis, que foi impossível me sentir sozinha. Alguns casos antigos, outros muito recentes. Amigas, familiares e colegas que viveram algo parecido me enviaram mensagens compartilhando suas histórias. E daí outra coisa me chamou a atenção: muitas sofreram em silêncio. Eu sequer sabia que várias delas haviam passado por isso há pouquíssimo tempo. Não entendi esse silêncio (eu mesma falo abertamente sobre o assunto, porque ajuda a curar a dor). Pensei: será que há mulheres que se sentem culpadas pelo insucesso da gravidez? Afinal, a sociedade nos cobra a maternidade. Às vezes nossa família nos cobra, mesmo sem perceber. Ou nossos maridos. Enfim, talvez o aborto espontâneo/natural seja um assunto tabu. Ou talvez seja só um tema que muitas preferem deixar para lá, para trás, esquecer, não trazer à tona. Sei lá! Não é o meu caso e, felizmente, minhas colegas tiveram a coragem de reviver isso ao me escrever, o que me ajudou muito.

Outra coisa que chama a atenção na relação com as pessoas depois que se perde um bebê são as mensagens religiosas. Recebi palavras, orações e sugestões católicas, protestantes, espíritas, místicas e ateias. Todas energias positivas, que eu soube receber de coração aberto, mesmo sem ser um exemplo de fé. Nessas horas também filtrei o que não me servia e absorvi as coisas boas das mensagens. Todas tinham coisas boas! E é aí que mora o desafio: não esperar que as pessoas digam as coisas certas, mas sim se preparar para absorver as coisas certas e dispensar as palavras que não lhe fazem bem. É o que estou fazendo a cada dia desde o diagnóstico do aborto. Nem sempre com sucesso, às vezes com grandes paranoias, mas isso é tema para outro post.

Leia também: Ecografia frustrante após a curetagem

5 comentários:

  1. Ola meninas,nesse momento me encontro internada para fazer uma curetagem,descobri que estava gravida ,porem minha alegria durou uma semana,um sentimento que nao sei explicar tomou conta de mim quando confirmei,ja estava com dois meses,eu tento a tanto tempo que nao notei o atraso,mas tudo parou,aguardei o prazo para ver se acontecia naturalmente,e nao aconteceu,ja foram aplicados 12 comprimidos ao longo de quatro dias e nada acontece,acho que meu corpo se recusa a entender que nao adianta mais zelar por ele, estou com medo.

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  2. Tambèm passei por uma curetagem ja faz 20 dias ate agora o que sinto muito è uma dor imsurportavel nas costas sera normal muita dor.

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  3. pessoal, estou gravida comprei cytotec, pra abortar, mas meu namorado
    e contra e falou que vamos, morar juntos e criar nosso filho.
    entao estou vendendo o cytotec pra quem precisa, ja que não vou mais usar.
    quero recuperar o dinheiro.....amandalelis07@gmail.com

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  4. Ola mirela, estou deseperada engravidei dpois de tomar a pilula do dia seguinte, pelas minhas contas estou de5 pra6semanas, tomei cytotec a primeira vez entroduzi 2na vagina e 2via oral, nao senti nada, nao tive nem colica,nao aconteceu nada, entao na segunda vez entroduzi 4 comprímidos , e até agora nada , ja tem mais d 14horas que fiz o procedimento e nada, nao sinto nada, me ajude , oque ta acontecendo? Sera que msm sem sangrar eu abortei? Tõ sentindo mto enjoo

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    1. Aconteceu quase a mesma coisa comigo ;/ so q descobria de 6 dias tomei o remedio 2 oral e dois colocados, e nada da colica ou das dores. E agora será q conseguir ?? E oq devo fazer se não conseguir ;
      ?

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