Um dos dias mais felizes que já vivi
começou tenso. Foi no último 9 de setembro, quando fiz a segunda ecografia, para
finalmente ver o embrião e saber como ele estava. Eu e meu marido sabíamos que
aquele seria um momento-chave (foi nele que esbarramos da última vez). Mesmo
assim, eu não estava com medo. Receio, sim; medo, não. Não senti, nem de longe,
aquela aflição ruim que tomou conta de mim em 9 de novembro do ano passado,
véspera de descobrir o aborto retido. Eu fui tranquila, evitando criar
expectativas, me preparando para o que desse e viesse, mas pensando positivo.
Entrei de cabeça erguida na mesma sala em que tudo ocorreu dez meses atrás e cumprimentei
o mesmo médico ecografista. Preparei-me para sentar na mesma cadeira de exames,
e meu marido estava ali, no mesmo cantinho também.
Sabendo da minha ansiedade, antes de
iniciar o exame o médico me olhou e disse: “vamos pensar positivo”. Quando
começou, a primeira coisa que falou foi que via o embrião e sua atividade cardíaca
(ele quis nos tranqüilizar o mais rápido possível e eu agradeço por isso).
Olhei imediatamente para o meu marido, que me olhou com um sorrisão de orelha a
orelha. Era como passar de ano depois de uma prova de recuperação difícil! Respiramos
fundo e o médico continuou: tudo bem com o embrião, tudo bem com a vesícula
vitelina, tudo bem com o saco gestacional, tudo bem com o corpo lúteo. Está
tudo bem!
Aí, feita a “ronda” no útero, ele
começou a aproximar a imagem. Nos mostrou, no meio daquele desenho turvo, um
pedacinho que se mexia rápido. “Esse é o coração dele”. E aí veio aquele som
lindo: “Flop, flop, flop, flop, flop, flop, flop, flop, flop...”. Eu já tinha
ficado grávida antes, mas nunca tinha ouvido/visto o coração do meu filho até
ali. Foi a primeira vez, e foi lindo. Eu me emocionei muito, segurei na mão do
papai e, assim que saímos da sala, nos abraçamos forte. Nosso gigante de 1,13
cm estava saudável, às 7 semanas e 1 dia.
Agora estou aqui, curtindo esse
banho de esperança que foi a segunda ecografia do pré-natal. Já levei o laudo
para o meu obstetra e ele também ficou feliz. Mas não baixou a guarda e
continua cuidando de mim como alguém que já sofreu um aborto. Na prática, isso
significa que continuarei tomando o chato do Utrogestan (que me dá enjoos horrorosos)
até a 16ª semana e continuo proibida de namorar até segunda ordem. De resto,
estou ótima, trabalhando um montão, tocando o barco com ânimo. Mas com os dois
pés bem fincadinhos no chão, vivendo uma semana após a outra. Afinal, gato
escaldado tem medo de água fria...
#8semanas
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