Tenho respeitado com êxito o pedido
de paciência feito pela vida. Estou tentando cuidar de mim, do meu corpo, da
minha mente e das coisas que não podem parar – trabalho, pós-graduação, inglês,
planejamento de férias, declaração do imposto de renda, economias e todos esses
temas que fazem parte da nossa vida, com ou sem gestação, com ou sem perdas,
com ou sem filhos. Tenho tentado acreditar, no fundo do coração, que o ciclo
da perda do meu bebê foi encerrado com a histeroscopia cirúrgica que fiz no dia
12 de março. Tenho, mesmo, sido uma pessoa positiva.
Já sou capaz de pensar numa próxima
gravidez. Por algum motivo, agora sinto isso como uma possibilidade, algo que
está mais perto de acontecer e que talvez, dessa vez, seja feliz. Sinto alegria
ao imaginar. Mas, como ainda preciso esperar o feedback do médico sobre a
cirurgia e sobre o resultado da biópsia, às vezes fico na dúvida se deveria me
permitir pensar nessas coisas ou se é melhor abstrair, não pensar nisso. Sonho
com o dia em que o médico dirá: “Pronto, agora está tudo certo com você”.
Talvez isso aconteça muito logo, talvez não. Só saberei na hora de saber. E o
que pensar até lá? E a vontade de sentir que o sofrimento acabou? E o medo de
descobrir que ainda não estou pronta?
Não tenho as respostas, apenas as
perguntas. Mas para o quê nessa vida já temos todas as respostas? Quase nada.
Então, viver um dia após o outro é o que tenho feito. Nem totalmente otimista,
nem totalmente pessimista. Ainda faltam alguns dias para a próxima consulta, e
preciso ficar bem até lá. Só isso.
Leia também: Muito feliz: minha odisseia acabou!
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